Discriminação, pois então...
- A menina é contra a discriminação dos ratos?
- Sou o quê?!?
- Contra a discriminação dos r-a-t-o-s
- A que propósito vem isso?
- É que eu sou a favor da discriminação dos ratos.
- E que tenho eu que ver com isso?
- É que a menina anda para aí com a bandeira do arco-íris afivelada ao peito e eu lembrei-me de lhe perguntar, não vá a menina ter alguma coisa contra as pessoas que discriminam ratos.
- E que têm os ratos que ver com a bandeira do arco-íris???
- É uma questão de princípio, mas já vi que os seus dependem
- Dependem? Os meus princípios? De que está a falar?
- Vejamos: se a menina anda aí com a bandeirinha ao peito é porque não quer que discriminem os lgbt, certo?
- Podemos chegar aí, sim. E?
- Portanto, se a menina é contra uma forma de discriminação, por princípio, devia ser contra todas, não? É lógico pensar que sim, não é?
- Bem Sou contra todas as formas de discriminação, regra geral, sim.
- Então, regra geral, a menina também devia ser contra a discriminação dos ratos. Aí está!
- Mas que insistência essa com os ratos Por que raio havia eu de ser contra a discriminação dos ratos ou de qualquer outro roedor?
- Por uma questão de princípio, claro.
- Digamos que não vejo onde é que os ratos entram nessa questão, porque falo de outro tipo de discriminação.
- Ora Discriminação é sempre discriminação, contra os lgbt ou contra os ratos, dá no mesmo.
- Não dá não. Os ratos não são gente.
- Mas são mais pequenos e mais fracos que a menina, não são?
- Ai, que não estou a perceber onde quer chegar
- É simples. Vejamos: a discriminação é sempre exercida de cima para baixo certo? Do mais forte para o mais fraco, verdade?
- Até aí concordo.
- Mas então, os ratos também são mais fracos e a menina e eu, mais fortes, certo? Portanto, quando agimos contra os ratos, discriminamo-los, sem tirar nem pôr.
- Mas uma coisa são os ratos, outra são as pessoas
- Eu estou a falar do princípio: se se é contra um tipo de discriminação, ou seja, contra a prepotência do mais forte contra o mais fraco, por que razão de há-de apoiar o seu uso contra os ratos?
- Já lhe disse que os ratos não são gente! Que raio!
- Pois
- Que foi? Acha que se deve pôr tudo no mesmo saco?
- Não, não. Achei graça, é tudo
- Achou graça? Que graça tem isso?
- A menina a dizer que os ratos não são gente teve pilhas de graça.
- Então porquê?
- Porque foi justamente o que o senhor Joaquim da mercearia disse da menina e dos seus amigos homossexuais: que não são gente. Ele também não tem nenhuma dúvida