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Tangas Lésbicas

lésbicas de tanga na tanga - em busca do seu passo doble perfeito - desfiando as linhas que cosem as tangas - que nos devolvem envolvem - pingas que tingem a linha da tanga - todas as tangas são iguais - mas estas são as melhores - tangas lésbicas

Tangas Lésbicas

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orgulhos participados

(a condutora designada a pedir indicações na berma da estrada para Mira)

 

- Para quem não queria ir a Orgulho nenhum, parece-me que a menina afinal sempre se divertiu em Mira, não foi?
- Por acaso foi. Só tenho pena que não façam discotecas e Orgulhos para não fumadores.
- Temos de fazer uma proposta para o ano que vem.
- Olhe que bela ideia: Orgulhos sem fumo. Quem quiser vá fumar para a varanda e depois entre. Será que nos ligam alguma?
- Não sei. Mas não é a menina que diz que se não abrirmos a boca ninguém nos ouve?
- Tem toda a razão. Vamos lá escrevinhar uma proposta e tentar que, para o ano, os Orgulhos sejam smoke free.
- E, já agora, por que não aproveitamos para organizar os Orgulhos Participados?
- Como assim?
- Este ano fomos aos Orgulhos do Porto e de Mira, não foi? Falhámos o de Lisboa, mas não se pode estar em todas...
- Com muita pena nossa, que já tínhamos compromissos para esse dia.
- Pois é. mas para o próximo ano, podemos propor a todos os organizadores os Orgulhos Participados. Ou seja, cada organização trata de se preparar para participar nos outros Orgulhos. Cada um escolhe um tema e organiza o seu grupo de forma a aparecer e distinguir-se na marcha.
- Como nós queremos fazer com o Elas a Norte?
- Justamente. O Elas a Norte vai juntar forças e fazer os possíveis por ir ao Orgulho de Lisboa, ao do Porto e ao de Mira. E tal como nós, que resolvemos ter esta iniciativa, outras pessoas poderiam começar a pensar no mesmo e, para o ano, juntar um grupo de amigos e de amigas e participar num ou em todos os Orgulhos, com um tema que lhes seja particularmente caro.
- Olha que ideia mais positiva a sua... Vamos já contactar toda a gente. Afinal, cada Orgulho é uma festa e podemos participar nela como acharmos mais agradável.
- É uma forma de mostrarmos a nossa forma de estar. Não há gente que leve amigos e políticos aos Orgulhos?
- Claro. Até podem escolher um padrinho famoso e organizar-se de acordo com isso. Ou pegar nos pais e nas famílias e formar o grupo de apoio ao Orgulho da Prima Maria, por exemplo.
- Há imensas hipóteses. Só dependem da criatividade de cada uma, ou de cada um. Mas lá que era giro haver bastante gente a fazer isso, era.
- Não precisa de dizer mais nada para me convencer. Vou já mandar uma mão cheia de e-mails para toda a gente.
- Mande, mande, que depois vai precisar de uma mão cheia de vontade para me ajudar a organizar o meu grupo.
- Que grupo? A menina e eu já somos grupo que chegue, não acha?
- Não se ponha já para aí com a ciumeira. Vá, fale lá com as vizinhas, se isso a faz sentir mais apoiada.
- Apoiadíssima. E qual vai ser o nosso tema?
- Isso são outros trezentos. E é coisa para se discutir em grupo, na próxima reunião do Elas a Norte.
- Ora bem...

eu vou, eu vou, ao mira pride eu vou...

- Onde é que a menina vai, assim aperaltada?
- Vou para o Mira Pride.
- Não esteve ainda o fim-de-semana passado no Porto Pride?
- Estive. Mas ainda há este e eu não quero deixar de participar.
- E a seguir, para onde é que vai orgulhar-se?
- Para lado nenhum, espero, que ando absolutamente estourada com todas estas festas.
- Bem pode andar. Não há fome que não dê em fartura. Ainda aqui há meia dúzia de anos revirávamos tudo para arranjar quem fosse ao Pride em Lisboa. Agora, dá-se um passo e descobre-se uma festa nova.
- Não me diga que agora deu em criticar-nos pelo excesso, como os que ralham connosco porque não precisamos de nos exibir e que está tudo bem se tirarmos os excessos?
- Não, pelo amor da santa. Vá lá ao Mira Pride e com a minha bênção...
- Não quer vir?
- Nem pensar. Vá a menina, que eu fico aqui a descansar as pernas em frente à têvê e sempre me protejo melhor dos calores em casa.
- A que calores se refere?
- A esses que a gente sente com as pikenas todas à nossa volta, de mãos dadas, a passar-nos pela esquerda e pela direita, a agitar bandeiras e cartazes, “olha as cores do arco-íris, é pró menino e prá menina”, mais as trocas de números e as combinações para a noite. Ai, que até fico mareada...
- Veja lá se quer que eu a atire pela borda fora para lhe passarem os calores...
- Não seja mazinha... Se ainda agora lhe confessei que não vou e por que razão...  O que é que a menina pode ter contra mim? Afinal, quem é que vai para o Pride com um top com coraçõezinhos lilases agarradinhos uns aos outros?
- Mas eu não sofro de calores, como certas descaradas que eu cá sei.
- Nem podia, minha querida, nem podia. Como é que se pode ter calor com roupa que mais parece do recato da praia do que da agitação manifestante?
- Está a dizer que vou muito despida?
- De forma alguma, menina, de forma alguma. Só estou a constatar o facto de que vai a contar com o calor humano da marcha.
- Ai os ciúmes...
- Se há coisa que não sou é ciumenta. Mas também não nasci jumenta...
- Está a insinuar que vou para lá pavonear-me para as outras?
- Insinuar? Eu? Não, nem pensar. É um simples aviso à navegação, meu amor. E já que falamos nisso, como não vou consigo, arranjei-lhe companhia.
- Não é preciso. Vou muito bem sozinha.
- Nem pensar, minha querida. Despache-se que elas devem estar a chegar.
- Elas? A quem se refere???
- Às nossas queridas amigas do terceiro andar.  Nem precisa de levar o carro que elas dão-lhe boleia.
- As do terceiro andar? Aquelas com quem a menina não gosta nem de ser vista?
- Ai que hoje deu-lhe para a má-língua... São moças excelentes, companhias perfeitas para um Pride. Vá por mim que eu sei o que digo.
- Pois sabe. Vai com certeza fazer-se uma clareira de vários metros à minha volta, com esses dois cães de fila ao meu lado.
- Ai que desbocada... Até parece mal, começar a discriminar ainda antes de sair de casa. Afinal de contas, para que se dá ao trabalho de se manifestar? Não é para combater a discriminação?
- Eu dou-lhe a discriminação! Que grande lata...
- Depois, minha querida, depois, que são elas agora a tocar à campainha. Divirta-se...

orgulhosamente na tanga

 

- A menina vai ao Porto Pride este ano?

- Ainda não sei?

- Ainda não sabe? E a que propósito ainda não sabe? Tem uma agenda assim tão preenchida?

- Não é isso...

- Então o que é? Em Lisboa vai ao Pride e aqui nem por isso?

- Olhe, eu sou aqui do Porto, é o que é. É diferente?

- Está a querer dizer-me que as pessoas do Porto são diferentes das de Lisboa.

- Pois são?

- Porquê? São anti-pride?

- Eu não disse isso. A menina é que já está a pôr palavras na minha boca.

- Só estou a tentar perceber por que é que a menina não vai ao Pride.

- Porque eu sou daqui, entende? toda a gente me conhece.

- E essas pessoas que a menina conhece aqui do Porto vão ao Pride? Ou vão estar nas laterais para lhe atirar tomates podres especialmente a si?

- Que disparate. Claro que não.

- Então? O que se passa aqui no Porto que é tão diferente de Lisboa?

- Já lhe disse: as coisas aqui são diferentes.

- Eu sei que são diferentes. Mas só não percebo se essa diferença é a fovor ou contra as pessoas do Porto.

- Não é nada disso. Lá está a menina a complicar.

- Por acaso não estou. Só estou a pensar é que, se calhar, as pessoas do Porto se podem sentir discriminadas pelos homossexuais que têm medo de se manifestar no Porto. Até parece que vocês acham que as pessoas do Porto são todas uma espécie de criminosas que, se nos virem a marchar durante o Pride, vão atirar-se a nós e, de repente, deixar de ser quem são para se tranformarem em criminosos capazes de chacinar por ódio aos homossexuais.

- Credo, pque rematado disparate!

- Mas se é assim tão grande o disparate, qual é o seu problema em desfilar no Porto como desfila em Lisboa? Se acha que não há criminosos à espreita para nos atacar a todos durante o desfile, por que é que não vai à marcha?

- Porque aqui nunca houve essas coisas e as pessoas são diferentes, as pessoas são mais conservadoras e isto é um meio muito mais pequeno que no SUl.

- Ah, agora é também uma questão de estatísticas: no Norte somos mais pequenos e menos em tudo que no Sul, é isso?

- Ai, não se pode falar consigo...

- Claro que pode. Eu até estou a procurar entender: se as estatísticas mostram que a grande área metropolitana do Porto acolhe neste momento quase o mesmo número de pessoas que a áre a metropolitana de Lisboa, e se nós sosmos os primeiros a defender que pelo menos dez por cento da população é homossexual, bissexual e trangénera, não vejo onde é que o meio é mais pequeno. Só vejo, aliás, que nessas circunstâncias estamos todos em pé de igualdade.

- Mas as pessoas aqui são muito mais conservadoras.

- E em Lisboa não são? Sendo que a pessoa pode ser do PCP e muitíssimo conservadora no que diz respeito aos assuntos lgbt, não acha?

- Claro que acho.

- Então por que é que está a dizer que as pessoas aqui são mais conservadoras que em Lisboa? Nunca se fez nenhum estudo a sério sobre o conservadorismo das pessoas em relação à população lgbt...

- Adiante. Eu acho que aqui é diferente, já lhe disse. Não viu o que aconteceu o ano passado na marcha?

- O quê? Uma pessoa a gritar muito zangada porque havia uma parada lgbt a passar? Uma pessoa vai ser exemplo para o comportamento do Porto inteiro? Se fosse eu, ficava ofendida, a sério que ficava.

- Eu acho-lhe imensa graça... Diga-me lá então por que é que eu devo ir ao desfile.

- Primeiro, porque a menina já foi a Lisboa, ao desfile e, por isso, acho que sendo daqui, devia fazer o mesmo.

- Segundo?

- Porque acho sinceramente que se deve dar uma oportunidade para as pessoas do Porto mostrarem que, tal como Lisboa, sabem acolher todas as pessoas e todas a maneiras de estar. Estar à partida a chamar-lhes diferentes e menos abertas é uma forma de discriminação que não fica nada bem a pessoas como nós, que lutamos para acabar com as discriminações. Por isso, nem quero ouvir dizer mais nenhuma vez que as pessoas aqui não são assim ou assado. Há que dar-lhes oportunidade para mostrarem como são, realmente.

- Há uma terceira razão?

- Claro que há. A Parada Lgbt é uma festa e não conheço gente mais festiva que a do Norte. E porque acredito sinceramente que, quando conseguirmos cativar as pessoas da cidade e dos arredores para esta nossa festa, o Pride do Porto vai ser muitas vezes maior e mais animado do que o de Lisboa.

- E viva o Porto?

- Claro que sim. Viva o Porto e o Porto Pride!

- Vamos lá a essa festa então.

- Eu sabia que a menina não reistia a um bom apelo ao seu bairrismo nortenho. Vamos lá fazer com que esta cidade se vire do avesso na nossa festa!